Festas
juninas ou festas dos santos populares
são celebrações que acontecem em vários países historicamente relacionadas com
a festa pagã do
solstício de verão, que era celebrada no dia 24 de junho,
segundo o calendário juliano (pré-gregoriano) e cristianizada
na Idade Média
como "Festa de São João". Os outros dois santos populares
celebrados nesta mesma época são São Pedro e São Paulo (no dia 29) e Santo Antônio (no dia 13).
Essas
celebrações são particularmente importantes no Norte da Europa
— Dinamarca,
Estónia,
Finlândia,
Letônia,
Lituânia,
Noruega
e Suécia
—, mas são encontrados também na Irlanda, na Galiza,
partes do Reino Unido
(especialmente na Cornualha), França,
Itália,
Malta, Portugal,
Espanha,
Ucrânia,
outras partes da Europa,
e em outros países
como Canadá,
Estados Unidos,
Porto Rico,
Brasil
e Austrália
ORIGEM DA FOGUEIRA
De
origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de
celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã
"sempre verde" em árvore de natal, a fogueira do dia de
"Midsummer" (25 de dezembro) tornou-se, pouco a pouco na Idade Média,
um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado
nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une
todas as festas de São João europeias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à
França). Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã estival afirma que o
antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas
raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de
São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender
uma fogueira sobre um monte.junio Camargo
Fogueira
de São João em Mäntsälä. Fogueiras de São João são bastantes populares
na Finlândia, onde parte da população passa o dia de São João ("Juhannus") no campo
ao redor das cidades em festejos
A Quadrilha
A
quadrilha brasileira tem o seu nome de uma dança de salão francesa para quatro
pares, a "quadrille", em voga na França
entre o início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A
"quadrille" francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento da
"contredanse", popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII.
A "contredanse" se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de
origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII,
e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.
Quadrilha
Junina da Festa do São Pedro de Belém (Paraíba)
A "quadrille"
veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites
portuguesas e brasileiras do século XIX
por tudo que fosse a última moda de Paris
(dos discursos republicanos de Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias
de Victor Hugo
e Théophile Gautier até a criação de uma academia
de letras, dos belos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do
cavanhaque).
Ao longo do século XIX,
a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras
pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de
pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente
adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior
florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma
dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de
então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também
recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes
nacionais pelos estudos folclóricos.
Uma
quadrilha de Sergipe.
O nacionalismo
folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa entre os começos
do Romantismo e a Segunda Guerra Mundial. A quadrilha, como
outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e divulgada
por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida
por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou
urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira.
Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o aspecto matuto
rígido e artificial da quadrilha.
No entanto, hoje em
dia, essa artificialidade rural é vista pelos foliões como uma atitude lúdica,
teatral e festiva, mais do que como a expressão de um ideal folclórico,
nacionalista ou acadêmico qualquer. Seja como for, é correto afirmar que a
quadrilha deve a sua sobrevivência urbana na segunda metade do século XX
e o grande sucesso popular atual aos cuidados meticulosos de associações e
clubes juninos da classe média e ao trabalho educativo de conservação e prática
feito pelos estabelecimentos do ensino primário e secundário, mais do que à
prática campesina real, ainda que vivaz, porém quase sempre desprezada pela
cultura citadina.
Desde do século XIX
e em contato com diferentes danças do país mais antigas, a quadrilha sofreu
influências regionais, daí surgindo muitas variantes:
- "Quadrilha Caipira" (São Paulo)
- "Saruê", corruptela do termo francês "soirée", (Brasil Central)
- "Baile Sifilítico" (Bahia)
- "Mana-Chica" (Rio de Janeiro)
- "Quadrilha" (Sergipe)
- "Quadrilha Matuta"
Hoje em dia, entre os
instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha encontram-se
o acordeão,
pandeiro,
zabumba,
violão,
triângulo e o cavaquinho.
Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música
é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que
favorece o cadenciamento das marcações.
Em geral, para a
prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou
"marcador", pois é quem determina as figurações diversas que os
dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados
por alguns mestres para cadenciar a dança.
Os participantes da
quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do
nordeste(indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das
comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável.
Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva",
já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial
da quadrilha liga-a às festas de São João europeias que também celebram aspirações
ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial juntamente com a fogueira
junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São
João da Europa.
Outras danças e canções
No nordeste brasileiro,
o forró
assim como ritmos aparentados tais que o baião, o xote, o reizado, o
samba-de-coco, forró pé de serra, xaxado, e as cantigas são danças e canções
típicas das festas juninas.